Por
Visibilizar a discriminação para mudar realidades. 74% das pessoas LGBTIQ+ da América Latina sofreu ao menos uma situação de assédio, violência e discriminação no âmbito laboral no último ano
Este é um dos dados mais relevantes da primeira pesquisa latino americana sobre diversidade sexual, assédio, violência e discriminação no âmbito laboral. Esta pesquisa foi respondida por 1.584 pessoas e demonstra as realidades que vivenciam as pessoas LGBTIQ+. Uma das principais descobertas é que 37,2% reconhece ter vivenciado alguma destas situações devido à sua orientação sexual e/ou identidade de gênero. Este número ascende a 74% quando se pergunta sobre um listado de experiências vividas no último ano, dentre as quais se encontram a violência simbólica, violência institucional, violência sexual, assédio e violência física. Neste sentido, a MSN do Uruguai analisa que “É fundamental visibilizar as situações de discriminação e que possam sair do silêncio.”
A pesquisa foi realizada por Nodos da Argentina, Integra Diversidade do Brasil, Sentiido da Colômbia, Nodos México e MSN Consultorías de Uruguai, com o apoio do Escritório Regional da América Latina el Caribe da UNaids. Foi acompanhada por 35 organizações de toda a região, dentre as quais TransEmpregos, Diálogos Entre Nós e Aliança Nacional LGBTI+ no Brasil.
Desde Integra Diversidade de Brasil comentamos que “Precisamos saber como se sentem e são tratadas as personas LGBTIQ+ nos seus lugares de trabalho em cada país da América Latina, assim como é necessário analisar os dados desde uma perspectiva regional.”
Este estudo aponta que as principais pessoas responsáveis de tais situações são: pares da mesma equipe (33%) e chefes/as (23,8%). Além disso, estas violências são exercidas tanto por homens como por mulheres. “Um dos propósitos fundamentais que oferece este exercício regional é continuar mostrando que há um longo caminho por percorrer em termos de equidade, igualdade e diversidade sexual dentro do âmbito laboral na região.” explica Nodos México
Das pessoas que sofreram algum ato de violência, 86,3% não realizou a denúncia. Quando as origens são indagadas, evidenciam-se três causas: porque a pessoa não considerou relevante efetuar a denúncia; porque não há confiança no mecanismo que a organização dispõe para realizar a denúncia; ou por temor a represálias ou consequências negativas que as pessoas denunciantes pudessem receber. Sentiido da Colômbia analisa que “A inclusão e a discriminação laboral devem ser abordadas não só desde quantas atividades uma companhia realiza: também há de se escutar as vozes das pessoas que se identificam como LGBTIQ+, quem são as principais receptoras das políticas e da cultura empresarial. Estes dados são um recurso fundamental para que as empresas sejam mais conscientes dos resultados das suas políticas.”
Muitas organizações estão trabalhando em políticas de inclusão e diversidade com foco na população LGTBIQ+. 35% das pessoas respondentes declararam que seus espaços laborais contam com políticas ou programas sobre esta temática. Só 25% se sente representado pelas mesmas. “Contar com dados que visibilizem as vivências das pessoas LGBTIQ+ nos ajudará a promover que as organizações realizem programas mais efetivos, e adequados para eliminar estas situações que vulneram os direitos humanos” comentou Nodos da Argentina. Por outra parte, UNaids afirma que “a informação e as descobertas obtidas deste esforço coletivo, contribuirão para gerar recomendações chave que auxiliem na diminuição do estigma e da discriminação da população LGTBIQ+ no ambiente laboral na região da América Latina” e “reconhece este esforço e seus insumos ajudarão melhorar as condições laborais das populações em maior situação de vulnerabilidade, sem deixar ninguém para trás.”
Veja a pesquisa aqui.